Não tente explicar o pôr-do-sol: você vai empobrece-lo.
Não procure provar que a rosa é bela: além de não conseguir, os outros terão a impressão de que você está falando de uma flor artificial.

Não tente explicar um sorriso por melhor que saia as pessoas vão pensar que é uma careta.

O que fazer então?

Mostre o pôr-do-sol, apresente uma rosa, dê um sorriso.
Você conseguirá muito mais.

O mesmo vale para a amizade.
Uma amiga é uma amiga não se explica.

Você só compreenderá seu valor depois de ter feito uma experiência de amizade. Não sei se é por isso, mas não deixa de ser curioso o fato de Cristo só ter falado em amizade (“Vocês são meus amigos”) depois de os apóstolos a terem experimentado durante três anos.

A essa altura, eles tinham condições de compreende-lo. Daí não precisaram perguntar nada. Sabiam que amigo era o que Cristo tinha sido, simplesmente isso. Tinha-lhes revelado seus segredos. Participava de suas vidas. Identificara-se com eles, deixando-lhes, contudo, a liberdade de serem eles mesmos. Aceitara-os como eram. Amara-os, apesar de conhece-los.

Diante dele podiam pensar em voz alta. Com ele sentiam-se bem, a ponto de quererem multiplicar os encontros. Uma amiga é uma amiga.Toda amizade é um sinal de Deus.

Pode-se dizer que a amizade é um reflexo de Deus.
E mais: toda amizade nasce de Deus. E só cresce quando Deus está presente. Certo: tal presença nem sempre é clara; muitas vezes não é nem consciente.

Mais cedo ou mais tarde, no entanto, chegará o dia em que duas amigas, ao olharem para trás, acabarão percebendo o quanto Deus participou de suas vidas.

Mesmo nas horas em que Ele parecia ser o grande ausente.
Quando a presença de Deus é presente e mesmo procurada, ela fortalece a amizade, solidifica-a. E mais: dá-lhe um sabor de eternidade.

Aliás, não valeria a pena uma amizade que caminhasse para o fim, que um dia terminasse. Deixaria uma insatisfação tão grande quanto o aprofundamento alcançado. Quem encontrou uma amiga, diz a Sagrada Escritura, achou um tesouro.

Tesouros, contudo, ainda podem ser encontrados de uma hora pra outra.
Amigas não.
Uma amizade é feita de longa convivência, de lutas por uma mesma causa, de alegrias e sofrimentos suportados em comum, de confidências...

Podemos ter mais de uma amiga.
Mas cada amiga é insubstituível.

E quantas vezes, infelizmente, só conhecemos o valor de determinada amiga quando alguma coisa ou circunstância nos separou dela. Aí percebemos que não se compra uma amizade assim.

E, também, que ela nunca mais se repetirá. Mas sentimos que estamos ligados com essa amiga que “perdemos”. Nem o tempo, nem o espaço, nem a morte podem-nos fazer esquece-la.

Apenas conseguem mostrar que somos diferentes, somos mais ricos interiormente, e que nossa vida passou a ter mais sentido pela marca profunda que essa amiga deixou em nós.

Uma amiga é uma amiga. Uma amiga é um tesouro que, por ter a marca de Deus, é uma fonte de realização para você.